Programa de Pós-Graduação - MESTRADO
Sustentabilidade de Ecossistemas Costeiros e Marinhos
Estudos ecotoxicológicos como indicadores de qualidade ambiental
Os ecossistemas costeiros e marinhos enfrentam ameaças constantes, tanto pelo uso intensivo das áreas continentais adjacentes quanto pela exploração de recursos offshore. Desde o século XIX, a região da Baixada Santista tem sido impactada por atividades como operações portuárias, desenvolvimento imobiliário, despejo de efluentes domésticos e industriais, turismo, pesca e aquicultura. Essas pressões são ampliadas pelas novas perspectivas de expansão do Porto de Santos e pela exploração de Petróleo e Gás na Bacia de Santos.
Diante desse cenário, torna-se imprescindível o desenvolvimento e a aplicação de métodos que identifiquem os efeitos da poluição e estabeleçam programas robustos de monitoramento da qualidade ambiental. Estudos ecotoxicológicos, combinados com abordagens ecológicas integradas, fornecem uma visão abrangente sobre as interações entre a poluição e seus impactos sobre a biota. Esses estudos são fundamentais para embasar decisões nos programas de gestão ambiental e conservação da biodiversidade.
Essa linha de pesquisa busca promover a interface entre os avanços nas ciências ambientais e sua aplicação prática, com foco no bem-estar público e na sustentabilidade dos ecossistemas costeiros e marinhos. Além disso, pretende desenvolver projetos que ampliem o entendimento sobre a interdependência entre sistemas ecológicos e socioeconômicos, contribuindo para a preservação da biodiversidade e a sustentabilidade das atividades humanas nessas regiões.
Projetos
3.0 ALTERAÇÕES DA ESTRUTURA DA COMUNIDADE BENTÔNICA DE FUNDOS INCONSOLIDADOS EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL (APA) NO LITORAL DE SÃO PAULO
Descrição: A incorporação de contaminantes em um determinado ecossistema pode alterar os complexos fatores biológicos, físicos e químicos que, por sua vez, controlam a estrutura e função da macrofauna bentônica. As comunidades bentônicas são utilizadas com frequência como indicadoras de alteração ambiental, principalmente por responderem direta e indiretamente às condições ambientais a que são submetidas. Segundo diversos autores, o estudo da estrutura e função da comunidade macrobentônica vem sendo empregado como um bom indicativo do estado da alteração em que se encontra um determinado ecossistema. Para a realização das coletas é utilizado um pegador de fundo do tipo van Veen com uma área de 0,04 m2. Após a coleta, as amostras estão sendo peneiradas empregando-se uma malha de 0,5 mm de luz e os organismos retidos nesta malha são imediatamente transferidos para frascos de polietileno contendo álcool etílico diluído em água do mar a 70%. Em laboratório as amostras são triadas e os organismos separados, posteriormente a identificação é realizada até o menor nível taxonômico possível. Técnicas univariadas estão sendo empregadas para calcular os índices descritivos que determinam a estrutura da comunidade bentônica, os seguintes parâmetros descritivos estão sendo calculados: número de espécies (S), número de indivíduos (N), riqueza de espécies Margalef (d), equitatividade da distribuição dos indivíduos entre espécies Pielou (J), diversidade de Shannon-Wiener (H') e Dominância de Simpson (D). Os índices descritos acima são usados na avaliação das diferenças significativas entre os pontos amostrados, empregando-se o t Test; (p < 0,05) para comparações pareadas entre o ponto controle e os demais pontos. Também são empregados métodos multivariados não paramétricos de escalamento multidimensional (no metric - Multi Dimensional Scaling: MDS), entre outros índices integrados, tais como RBI (Relative Benthic Index) e EBI (Exploratory Benthic Index), a fim de se identificar a estrutura da comunidade bentônica de fundos inconsolidados.
3.1 AVALIACÁO DO RISCO AMBIENTAL DE COMPOSTOS FARMACËUTICOS NO AMBIENTE MARINHO
Descrição: O presente estudo visa avaliar os riscos ambientais da introdução de compostos farmacêuticos no ambiente marinho de acordo com uma metodologia escalonada denominada TIER. O desenvolvimento do estudo se dará inicialmente com a identificação e qualificação de substâncias farmacêuticas em amostras de água superficial do entorno do lançamento do Emissário Submarino de Santos. Em um segundo momento, em laboratório, estudos ecotoxicológicos com diferentes fases de vida e níveis de organização biológica serão empregados, utilizando como organismos-teste o molusco bivale Perna perna, para detectar os primeiros sinais de efeitos biológicos provenientes de exposição a concentrações ambientalmente relevantes dos fármacos previamente detectos. Esta proposta tem caráter inovador pelo ineditismo do desenvolvimento e aplicação de uma metodologia escalonada para avaliação de risco ambiental de fármacos, com adaptações que consideram a possibilidade de detectar o mecanismo de ação tóxica dos compostos estudados, fator principal para avaliação de riscos de substâncias bioativas.
3.2 AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DO CRACK A ORGANISMOS MARINHOS EXPOSTOS A DIFERENTES CENÁRIOS DE ACIDIFICAÇÃO POR ENRIQUECIMENTO DE CO2 (CO2caineTOX)
Ocorrência, destino e efeitos de drogas ilícitas em ecossistemas aquáticos são de preocupação ambiental. De fato, as quantidades de drogas ilícitas consumidas no mundo são comparáveis às das drogas terapêuticas, já que milhões de indivíduos são usuários atuais de cocaína, heroína, estimulantes como a anfetamina, maconha e outras drogas. Uma vez que a cocaína e seus metabólitos são excretados, eles atingem ecossistemas aquáticos diretamente ou por emissários de esgoto. O Brasil foi identificado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime como uma das nações emergentes, onde o uso de estimulantes como a cocaína - usada tanto por via intranasal (em pó) quanto por fumo (crack) está aumentando. Considerando o pH alcalino das águas marinhas e o pKa das drogas e fármacos detectados nas zonas costeiras, alguns compostos poderiam estar mais biodisponíveis para a biota marinha quando comparados aos ambientes de água doce. Tomando cocaína como exemplo na Baía de Santos, essa droga ilícita com um pKa = 8,5 tende a ser parcialmente encontrada em sua forma não iônica no pH da área de amostragem (variando de 7,9 a 8,1), o que aumenta a partição octanol-água da cocaína valores de coeficiente (log Kow) de 0,10 (para a forma iônica) a 2,30 (para a forma não-iônica). Valores mais altos de Kow favorecem processos de absorção e bioacumulação em organismos expostos a estes compostos, e um aumento da toxicidade pode ser esperado. O sistema de carbono inorgânico é um dos mais importantes equilíbrios químicos no oceano e é amplamente responsável pelo controle do pH da água do mar. O carbono inorgânico dissolvido (CID) existe na água do mar em três formas principais: íon bicarbonato (HCO3-), íon carbonato (CO32-) e dióxido de carbono aquoso (CO2 (aq)), que aqui também inclui ácido carbônico (H2CO3). Quando o CO2 se dissolve na água do mar, o H2CO3 é formado. A maioria do H2CO3 se dissocia rapidamente em um íon de hidrogênio (H+) e HCO3-. Um íon de hidrogênio pode então reagir com um CO32- para formar bicarbonato. Portanto, o efeito da adição de CO2 à água do mar é aumentar as concentrações de H2CO3, HCO3, e H+ e diminuir a concentração de CO32, diminuindo o pH (pH = - log[H+]). A hipótese deste projeto é que a acidificação associada ao enriquecimento de CO2 no ambiente marinho provocará uma modificação na biodisponibilidade e toxicidade de drogas ilícitas como a cocaína e seus subprodutos. O principal objetivo deste projeto é avaliar a toxicidade do crack ao mexilhão Perna perna, combinada com a acidificação pelo enriquecimento de CO2 em ambientes marinhos. Diferentes ensaios foram conduzidos para testar efeitos letais e subletais durante a execução do projeto, variando do nível populacional (parâmetros reprodutivos) a respostas subindividuais (biomarcadores de defesa e dano). Este projeto é o primeiro estudo sobre o comportamento de drogas ilícitas relacionadas a diferentes cenários de acidificação associados ao enriquecimento de CO2 focando especificamente nas alterações em vias de biodisponibilidade e efeitos, para chamar a atenção para esses contaminantes emergentes em cenários de enriquecimento de CO2.
3.3 AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DA QUALIDADE DAS ÁGUAS E SEDIMENTOS DA ÁREA PORTUÁRIA DE SANTOS, SÃO PAULO – BRASIL
Descrição: O município do Santos, localizado na Ilha de São Vicente, São Paulo, possui áreas de grande importância ecológica tais como manguezais, restingas praias e costões rochosos. Estes ambientes vêm sofrendo impactos significativos resultantes das intensas atividades portuárias na região. Embora a presença de contaminantes nos sedimentos de Santos seja reconhecida como importante passivo ambiental, seu significado ecológico, sua biodisponibilidade para os organismos aquáticos e os riscos para a saúde humana advindos desta contaminação foram pouco estudados. A introdução de efluentes municipais e industriais além das atividades de dragagem e disposição do material dragado pode ser impactante, e têm sido alvo de diversos estudos visando avaliar os seus efeitos sobre a região. Para avaliar a toxicidade nesta região estão sendo escolhidos pontos de amostragem e controle, os quais são analisados em distintas fases do sedimento (elutriado e interface água-sedimento) empregando testes crônicos de curta duração com larvas de ouriço do mar (Lytechinus variegatus) de acordo com a metodologia descrita em ABNT 15350/2006. Também são analisados outros parâmetros físico-químicos, tais como, amônia total e não ionizada, matéria orgânica e granulometria. Os resultados estão sendo analisados empregando-se técnicas estatísticas uni e multivariadas.
3.4 AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DE POLUENTES EMERGENTES EM ECOSSISTEMAS MARINHOS – POEEMA
Descrição: Além dos já reconhecidos contaminantes ambientais (ex. metais, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, organoclorados etc.), surge na comunidade acadêmica especial atenção a poluentes emergentes, e dentre estes destacam-se os Produtos de Cuidados Pessoais e Farmacêuticos (PCPFs), que passaram a ser identificados e classificados como potencial risco aos ecossistemas aquáticos. Diretivas ambientais Europeias e Norte Americanas regulamentam o processo de aprovação, comercialização e descarte destas substâncias, mas ainda existe uma grande lacuna no que se refere aos mecanismos de ação tóxica e os respectivos efeitos adversos sobre organismos marinhos. Neste contexto, identifica-se a necessidade de quantificar as concentrações ambientais de PCPFs, identificar os mecanismos de ação tóxica, os efeitos biológicos adversos, e por fim avaliar o risco ecológico destes compostos em zonas costeiras, a partir da identificação das fontes, avaliação química das matrizes ambientais (ex. água, sedimento e organismos) e realização de ensaios ecotoxicológicos em diferentes níveis de organização biológica (ex. bioquímico, celular, fisiológico). Esta abordagem integrada, composta por distintas linhas de evidências, proporcionará informações relevantes sobre a origem, distribuição, efeitos e destino destes compostos em ecossistemas marinhos.
3.5 BIOMARCADORES DE CONTAMINAÇÃO AQUÁTICA EM AVALIAÇÕES DE RISCO AMBIENTAL EM ECOSSISTEMAS COSTEIROS
Descrição: As respostas obtidas pela utilização dos biomarcadores podem ser utilizadas como um sinal prévio de efeitos tóxicos, uma vez que o ponto de partida de todos os danos causados por xenobióticos envolve perturbações de processos bioquímicos e moleculares no interior das células, posteriormente dando origem aos efeitos em níveis maiores de organização. As diferentes técnicas disponíveis incluem estabilidade de DNA, inibição e/ou ativação de atividades enzimáticas relacionadas à detoxificação, modificação de propriedades celulares e alterações fisiológicas e, seu uso combinado em vários níveis de organização, pode produzir uma informação mais confiável sobre os organismos estudados. O principal objetivo deste projeto é produzir avaliações da qualidade ambiental empregando estudos in situ e respostas fisiológicas mais sensíveis que permitam a identificação de efeitos crônicos de poluentes em organismos aquáticos, prevenindo efeitos irreversíveis como a perda de biodiversidade na região costeira de São Paulo. Resultados preliminares demonstram a biodisponibilidade e efeitos de xenobióticos a organismos aquáticos (peixes e moluscos) no estuário de Santos, o que vêm sendo relacionado a estudos pretéritos de biogeoquímica ambiental e fontes de contaminação, como efluentes industriais e municipais na área de estudo.
3.6 CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DOS CANAIS DE SANTOS (SÃO PAULO, BRASIL)
Descrição: Os canais são os responsáveis pelo escoamento das águas pluviais para o mar na cidade de Santos, porém existem fatores que podem influenciar na qualidade da água que escoa nesses canais, podendo comprometer a balneabilidade das praias da região. O presente projeto tem por objetivo caracterizar a qualidade da água dos sete canais que deságuam na orla da praia de Santos-SP, antes de atingir o mar, através da avaliação de parâmetros físico-químicos e microbiológicos. Serão realizados também testes ecotoxicológicos através de ensaios de toxicidade de curta duração com Lytechinus variegatus.
3.7 CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL DE ECOSSISTEMAS COSTEIROS AFETADOS POR PETRÓLEO
Descrição: O Brasil viveu em 2019 o maior desastre ambiental causado por vazamento de petróleo de sua história. As manchas de óleo começaram a ser registradas no litoral nordestino brasileiro em 30 de agosto de 2019. Desde então, 877 localidades, em 127 municípios de onze estados já foram atingidos em uma área de costa superior a 2.200 quilômetros. Esse desastre vem causando um rastro de destruição que tem comprometido de forma substancial a saúde física e a sustentabilidade financeira das comunidades locais. Além de grande impacto ambiental, o derramamento de óleo já causa impactos econômicos, na produção de pescados e frutos do mar assim como na atividade turística. Ao menos 40% dos pontos que tiveram registros de óleo estão localizados em áreas protegidas que incluem 18 Áreas de Proteção Ambiental (APA), dois parques nacionais e um parque municipal, um Refúgio de Vida Silvestre, uma Reserva Biológica e sete reservas extrativistas o que representa uma grande ameaça à biodiversidade brasileira. Uma dessas unidades de conservação atingidas é a APA Costa dos Corais, que está inserida no complexo da Costa dos Corais, entre os estados de Pernambuco e Alagoas. A região é cercada de rios, estuários, manguezais, restingas, recifes rasos e mesofóticos, bancos de gramas marinhas, essenciais para a alimentação e proteção de várias espécies, configurando um grande hotspots da biodiversidade. Além disso, o complexo é reconhecido por ser a segunda maior barreira de corais em extensão do mundo, a APA é a segunda maior área protegida marinha do Brasil e é o principal santuário de peixes boi do país. O projeto consiste em um estudo integrado (poluição, ecotoxicidade, integridade ecológica e bioacumulação) em uma Área de Proteção Ambiental (Costa dos Corais) afetada por óleo. O método integrado proposto para determinar a qualidade ambiental oferece resposta para as três questões clássicas feitas nos estudos abrangentes de avaliação da qualidade ambiental em sistemas aquáticos contaminados: Quais são os níveis dos contaminantes? Quais efeitos biológicos eles têm no ecossistema? Há riscos à saúde humana? Seu foco é a proteção e o manejo de sistemas ecológicos contra possíveis efeitos adversos devido a substâncias antropogênicas. Essa proteção requer informações sobre seu comportamento ambiental e seus efeitos ecológicos e sociais. O objetivo principal do projeto é caracterizar a qualidade ambiental dos ecossistemas costeiros afetados pelos recentes eventos de contaminação por óleo na região Nordeste. O estudo será realizado na Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais, que segundo dados da WWF Brasil, é a Unidade de Conservação com maior número de pontos de contaminação. Serão realizados estudos de campo e laboratório que combinam testes de toxicidade com medidas de contaminação por técnicas químicas e medições in situ do estado de conservação dos ecossistemas afetados. Estudos socioecológicos também serão realizados com comunidades tradicionais da região impactada. Até o momento foram coletadas amostras de água e sedimento marinho, corais e óleo encontrado nas praias compreendidas entre Jarapatinga e Barreira do Boqueirão (AL). Essas amostras passarão por análises químicas e ecotoxicológicas. Novas coletas serão realizadas em julho de 2021 para avaliação da qualidade ambiental e dos impactos socioambientais após 2 anos do evento de contaminação.
3.8 COMUNIDADES BENTÔNICAS DE FUNDOS CONSOLIDADOS: ESTUDO VISANDO AVALIAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL NO SUBLITORAL
Descrição: Estudo visando comparar o desenvolvimento de comunidades em área perturbada e não perturbada para identificação das espécies presentes e detecção de possíveis padrões. Monitoramento através de amostragem não destrutiva, com alocação aleatória de elementos amostrais, determinação da concentração de nutrientes, POM, DOM integrando esses resultados com informações de estudos ecotoxicológicos.
3.9 DETERMINAÇÃO DE FÁRMACOS NA ÁREA DE EFLUENCIA DO EMISSÁRIO SUBMARINO DE SANTOS
Descrição: Nas últimas duas décadas, especial atenção tem sido dada a contaminação ambiental por fármacos por causa do potencial destas substâncias de induzir efeitos biológicos adversos, especialmente aos ecossistemas aquáticos, e vem sendo classificados como poluentes emergentes ambientais. A presença desses múltiplos compostos no ambiente implica também em múltiplas vias de ação, podendo interferir significativamente na fisiologia, no metabolismo e no comportamento das espécies. No Brasil, país considerado um dos líderes do mercado farmacêutico emergente, embora todos os medicamentos devam ser obrigatoriamente submetidos a uma série de testes farmacológicos e clínicos previamente a sua comercialização, o mesmo rigor não é adotado para a avaliação do comportamento dos mesmos no meio ambiente. Este problema se agrava pela inexistência de uma política pertinente ao monitoramento/controle dos níveis de fármacos que serão liberados no ecossistema marinho. Em vista destes fatos, tornam-se essenciais estudos que visem à avaliação dos efeitos tóxicos de fármacos sobre o ecossistema aquático, bem como a implementação de programas regulares que visem o monitoramento dos níveis de fármacos em Estações de Tratamento de Efluentes, buscando soluções que propiciem a redução/eliminação da carga de produtos farmacêuticos para o meio ambiente. O presente projeto de pesquisa tem como objetivo a quantificação de diferentes classes de fármacos no efluente do emissário submarino presente em Santos/SP, através de análises por Cromatografia Líquida acoplada a Espectrometria de massas (LC/MS/MS).
3.10 EFEITOS ADVERSOS DE COMPOSTOS PERFLUORADOS (PFC) À BIÓTA AQUÁTICA
Descrição: Os compostos perfluorados (PFC) são usados em combate a incêndios em odo mundo e produzidos em grandes quantidades desde 1950. No entanto foram considerados como contaminantes ambientais prioritários somente na última década. Os tensioativos fluoroquímicos são compostos chave na formulação aquosa de espumas formadora de películas (AFFF, do inglês aquoeus filming forming foamers). Porém em muitos casos o destino final destes compostos é o ambiente aquático e poucas informações estão disponíveis sobre a sua toxicidade. O objetivo do presente projeto é investigar os efeitos adversos que estes contaminantes podem produzir à biota aquática a curto, médio e longo prazo, a fim de determinar níveis ambientais seguros dos diferentes princípios ativos das AFFF.
3.11 “EFEITOS INTERATIVOS DE MICROPLÁSTICOS E CONTAMINANTES SOBRE ORGANISMOS AQUÁTICOS”
Descrição: Atualmente a presença ubíqua de microplásticos (MPs, partículas plásticas com tamanho variável entre 5mm e 1nm) no ambiente marinho (águas e sedimentos) tem chamado a atenção da sociedade, tanto em esferas acadêmicas quanto governamentais. Esta atenção é justificada, visto que estas partículas são uma ameaça global para vários animais marinhos por seu potencial de ingestão e por apenas estarem presentes no ambiente, podendo até mesmo ter efeitos sobre a saúde humana. Não apenas os MPs apresentam riscos por possuírem aditivos que possam ser lixiviados para ecossistema, mas também se sabe que estes podem interagir com outros contaminantes atuando assim como carreadores destas substâncias. Este projeto tem como objetivo avaliar os efeitos e a toxicidade em organismos aquáticos expostos a microplásticos, tanto de forma isolada como através de sua interação com outros contaminantes de interesse (orgânicos e inorgânicos). As respostas avaliadas serão desde o nível celular (biomarcadores bioquímicos, genotóxico, entre outros) passando pelo histológico, até o nível individual (mortalidade, efeitos reprodutivos, entre outros). Os resultados deste estudo fornecerão subsídios para a compreensão dos efeitos isolados e combinados de MPs e outros contaminantes sobre organismos aquáticos, e fortalecerão o embasamento científico para auxiliar na gestão destes contaminantes.
3.12 INDICADORES DE GENOTOXICIDADE E CITOTOXICIDADE PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL EM ECOSSISTEMAS LITORÂNEOS DA BAIXADA SANTISTA
Descrição: Os efeitos de contaminantes podem se manifestar em vários níveis de organização biológica, incluindo material genético (genotoxicidade), órgãos e tecidos (citotoxicidade), que levam ao prejuízo do crescimento e reprodução de organismos expostos. Algumas das consequências genotóxicas já descritas são: queda no número de gametas repercutindo na queda do sucesso reprodutivo, desenvolvimento anormal do indivíduo, câncer, mutações letais (mortalidade embrionária), bem como aumento ou diminuição da variabilidade genética. Danos em DNA vêm sendo avaliados por diversos métodos como avaliação de micronúcleos e anomalias cromossômicas. Já os testes que detectam alterações em tecidos fornecem subsídios importantes para o auxílio no diagnóstico e prognóstico de enfermidades nas populações e dentre eles pode-se destacar: contagem diferencial determinando a frequência das células sanguíneas (geralmente linfócitos, granulócitos e trombócitos), hematócrito (determinando o volume de eritrócitos), contagem total de eritrócitos e leucócitos e concentração de hemoglobina (após a lise celular). O principal objetivo deste projeto é empregar os métodos de avaliação acima citados para avaliar a extensão e os efeitos da contaminação aquática de uma forma conjunta a partir de análises de indicadores em diferentes níveis de organização biológica. Os resultados preliminares obtidos vêm demonstrando biodisponibilidade e efeitos de compostos mutagênicos em corpos aquáticos na região da Baixada Santista.
3.13 MATERIAL PARTICULADO ATMOSFÉRICO E CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL. AVALIAÇÃO DO IMPACTO NA BIOTA AQUÁTICA EM UMA ABORDAGEM ECOFISIOTOXICOLÓGICA INTEGRADA
A atividade industrial na obtenção e processamento de ferro, aço e outros processos siderúrgicos resulta na emissão de material particulado atmosférico (MPA) contendo metais livres e/ou nanopartículas. Oriundos da rocha original ou do processo produtivo, muitos metais são emergentes e ainda não possuem limites ambientais permissíveis na legislação. Dispersos na atmosfera contaminam tanto o ambiente aéreo quanto o aquático e, passivamente são incorporados pela biota local, incluindo os humanos. O acúmulo no organismo pode resultar em disfunção bioquímica e fisiológica com impacto na homeostasia, metabolismo e desempenho animal e na dinâmica do ambiente e na qualidade vida e saúde da população local. Este projeto propõe um estudo integrado, quanto a constituição do MPA, forma e dinâmica da internalização, capacidade e limites de acúmulo em diferentes órgãos de organismo aquáticos, biodisponibilidade, partição subcelular e possíveis danos nos diferentes processos biológicos. Estudos físico-químicos serão efetuados para identificar e quantificar os metais e nanopartículas presentes no MPA de uma região reconhecida pela magnitude da atividade siderúrgica e, técnicas químicas e morfológicas ultra- e nanoestruturais serão aplicadas para identificá-los a nível subcelular, avaliar a estrutura cristalográfica, estado de oxidação e biodisponibilidade em órgãos de animais submetidos a experimentos, in vivo, ex vivo e in vitro. Estudos genotóxicos, bioquímicos, fisiológicos e morfofuncionais serão efetuados nos organismos testes para identificar o mecanismo de ação dessa mistura de contaminantes metálicos e seus efeitos no desempenho animal frente a desafios ambientais. A abrangência e integração deste estudo para mapeamento do potencial tóxico do MPA, avaliação da contaminação aquática e danos subletais é inovador e altamente relevante para futuras tomadas de decisão em processos que envolvam esse tipo de contaminação e ainda ignoradas pelas regulamentações ambientais.
3.14 RESPOSTAS ECOFISIOLÓGICAS DE PEIXES FRENTE ÀS VARIAÇÕES NAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS NATURAIS
Descrição: O presente projeto visa estudar as interações organismo-ambiente de diversas espécies de peixes avaliando os aspectos bioquímicos, fisiológicos, metabólicos e comportamentais nos quais favorecem sua sobrevivência em ambientes extremos tanto naturais (alterações na temperatura, pH, carbono orgânico dissolvido) quanto antrópicos (presença de contaminantes ambientais como metais pesados e compostos orgânicos). Além disso, os efeitos combinados (sinérgicos ou antagônicos) dessas variações naturais e antrópicas no ambiente são levados em consideração e estudados tanto em condições controladas de laboratório quanto em situações reais em ambientes naturais (campo).