Gestão Costeira

A linha de pesquisa em Gestão Costeira foca na conservação e manejo sustentável dos ecossistemas costeiros e marinhos, particularmente em regiões com alta complexidade socioambiental, como a Região Metropolitana da Baixada Santista. Essa área apresenta um cenário de contrastes, com importantes áreas protegidas — incluindo unidades de conservação (UC), áreas de proteção permanente (APP) e áreas tombadas — coexistindo com atividades econômicas de grande impacto, como o porto de Santos, o polo petroquímico de Cubatão, a expansão urbana desordenada, o turismo sazonal e áreas agrícolas.

Além desses desafios, a região é habitada por populações tradicionais, como os caiçaras, que dependem dos recursos naturais para sua subsistência. O conflito entre a preservação ambiental e os interesses econômicos e sociais é uma realidade constante, exigindo a aplicação de abordagens inovadoras de gestão que integrem diferentes perspectivas e atores.

Nesta linha de pesquisa, são desenvolvidas e aprimoradas técnicas integradas de avaliação e manejo ambiental, com ênfase na sustentabilidade da biodiversidade costeira e marinha. O objetivo é compreender e analisar os impactos das atividades humanas, promovendo uma gestão mais eficiente e baseada em evidências, que assegure a proteção dos ecossistemas e das comunidades que dependem deles.

Projetos

1.0 ANÁLISE DA PESCA ESPORTIVA DA REGIÃO DA COSTA DA MATA ATLÂNTICA
Descrição: Com o advento da conscientização ecológica e preservacionista para as mais diferentes espécies de peixes e plantas, a pesca esportiva tomou impulso no sentido de promover entretenimento e também seleção de poucos exemplares para consumo e mais ainda, soltura de exemplares capturados. No litoral paulista, em águas rasas e estuarinas, sabe-se apenas que é praticada, mas com poucas informações de quem pratica, espécies capturadas, locais preferenciais, e destino dos peixes capturados. Por isso, pretende-se dar andamento no levantamento das condições da pesca esportiva em áreas estuarinas e costeiras do litoral paulista, seus pescadores, espécies mais procuradas e atividades paralelas, como iscas utilizadas, tipos de embarcações, locais e épocas preferenciais.

1.1 ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA DE RIOS DA MATA ATLÂNTICA
Descrição: Um importante ecossistema costeiro no estado de São Paulo são os pequenos rios e riachos da mata atlântica que desembocam no oceano. Esse ambiente dulcícola, mas que muitas vezes recebe contribuição da água salgada por conta das marés, é muito pouco conhecido. Estão sendo coletados dados físico-químicos como condutividade, temperatura, teor de oxigênio dissolvido e pH assim como dados da biota aquática, como peixes e macro invertebrados. No momento estão sendo estudados pequenos cursos d´água no município do Guarujá, a fim de se entender as mudanças (antrópicas e naturais) que ocorrem da sua nascente até a sua desembocadura.

1.2 ANÁLISE E GESTÃO DE CONFLITOS SÓCIO-ECONÔMICO-AMBIENTAIS NO LITORAL DE SÃO PAULO
Descrição: A Baixada Santista, por suas características ambientais e socioeconômicas, possui ao mesmo tempo, áreas pouco impactadas, abrigadas como unidades de conservação (UC), áreas tombadas ou áreas de proteção permanente (APP), e ao mesmo tempo apresenta uma série de atividades econômicas impactantes, como o porto, as indústrias, algumas áreas agrícolas, o turismo, a expansão das cidades, os aterros sanitários e industriais, entre outros. Esses usos discrepantes do espaço geram conflitos entre diferentes atores sociais, e torna-se necessário avaliá-los e gerenciá-los para que se alcancem os objetivos do gerenciamento costeiro. Nesse sentido, estão sendo aplicados alguns referenciais teóricos, como Resiliência Sócio Ecológica, Sociologia da Tradução, Avaliação de Políticas Públicas, Economias de Grandeza, entre outros, visando estudar como os conflitos se organizaram ao longo do tempo, como o Poder Público participou (ou não) de seu estabelecimento, e como as redes sociais lidam com os problemas. Pretende-se, com esse estudo, propor mecanismos e estratégias para que o poder público e a sociedade possam dialogar e estabelecer acordos para a gestão dos espaços e do patrimônio ambiental, social e econômico.

1.3 BIOLOGIA E CONSERVAÇÃO DE MAMÍFEROS E AVES COSTEIRAS NO LITORAL DE SÃO PAULO
Descrição: O litoral do Estado de São Paulo é uma região espacialmente diversa e complexa, pois apresenta áreas relativamente bem preservadas e de grande interesse e atividade econômicas, podendo muitas vezes levar a situação de estresse e degradação ao ambiente. No litoral de São Paulo, os estudos sobre a biologia dos mamíferos ainda são escassos. Desta forma visa analisar aspectos da biologia das populações e comunidades de mamíferos marinhos e costeiros no litoral de São Paulo, a fim de se obter dados sobre a morfologia e ocupação de habitat, de modo a avaliar os possíveis impactos ambientais de origem antropogênica às espécies de mamíferos da região.

1.4 COMPONENTES DA DIVERSIDADE BETA EM PEIXES DE RIACHO COSTEIROS DA BAIXADA SANTISTA
Descrição: A diversidade Beta em sistemas fluviais é influenciada pela disponibilidade de habitats, interações entre espécies e capacidade de dispersão dos organismos. Predizer e amenizar o efeito de alterações antrópicas nestes sistemas depende do conhecimento de quais processos são importantes para a manutenção da diversidade em escalas locais e regionais. Devido a estrutura espacial das bacias hidrográficas, espera-se por exemplo que em trechos à juante a capacidade de dispersão seja maior, enquanto em áreas de cabeceira, a disponibilidade local de hábitats seja o principal determinante da diversidade de espécies. O projeto visa analisar os efeitos da heterogeneidade ambiental e estrutura espacial sobre a diversidade Beta em metacomunidades de peixes em riachos da Baixada Santista (SP). As amostragens feitas em cinco bacias entre os municípios de Peruíbe e Bertioga. Busca-se cm os resultados medir a importância relativa de fatores locais e regionais sobre a diversidade taxonômica funcional, visando a recomendação medidas de conservação para riachos destas unidades de conservação.

1.5 CONVERGÊNCIA FUNCIONAL NA ESTRUTURA DAS ASSEMBLEIAS DE PEIXES EM RIACHOS DE DUAS BACIAS HIDROGRÁFICAS NO ESTADO DE SÃO PAULO
Descrição: Convergência funcional entre ecossistemas isolados sugere existência de mecanismos comuns subjacentes à organização e dinâmica de comunidades ecológicas. Evidências de convergência podem ser obtidas por respostas similares dos traços funcionais das assembleias aos mesmos fatores ambientais, revelando efeitos de larga escala e portanto transferíveis entre diferentes ecorregiões. Neste projeto busca-se testar a hipótese de que os traços funcionais relacionados ao habitat, ecologia trófica e história de vida das assembleias de peixes estão relacionadas à estrutura dos habitats aquáticos e que esta relação é convergente entre bacias do rio Itanhaém (bacia Costeira) e do alto do Paranapanema (Bacia do Paraná). Estas bacias abrigam faunas biogeograficamente isoladas, porém possuem riachos em trechos de Mata Atlântica com estruturas similares. As coletas de peixes são feitas com equipamentos de pesca elétrica e analisados em laboratório. A Hipótese de associação entre traço funcional e estrutura dos habitats será avaliada por meio de uma análise de RLQ e a a associação entre diversidade funcional e estrutura dos habitats por meio de uma análise de redundância (RDA). A convergência funcional será testada por modelos de análise de covariância (ANCOVA).

1.6 ECOLOGIA DE COMUNIDADES DE MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS DE RIACHOS
Descrição: Ecossistemas tropicais de água doce estão entre os mais diversos do planeta. A diversidade de habitats contribui para a heterogeneidade desse ambiente que pode ser regida por inúmeros fatores bióticos e abióticos, que atuam em diferentes escalas espaciais, dimensionais e temporais. Os macroinvertebrados bentônicos são encontrados vivendo entre ou sobre diferentes tipos de substratos, que interferem diretamente em sua distribuição, que também pode ser influenciada pela qualidade da água. Portanto, as pesquisas inseridas neste projeto, têm por objetivo monitorar diferentes habitats, qualidade de água e variações de diversidades desta comunidade visando a contribuição para a conservação da biodiversidade e uso sustentável dos ecossistemas aquáticos costeiros.

1.7 ECOLOGIA DE COMUNIDADES VEGETAIS AQUÁTICAS EM ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS COSTEIROS DO ESTADO DE SÃO PAULO
Descrição: As comunidades vegetais em ecossistemas aquáticos costeiros são influenciadas tanto por gradientes ambientais (salinidade e disponibilidade de nutrientes) e heterogeneidade de habitats, como também pela competição interespecífica. A influência destes fatores varia em diferentes escalas espaciais e, principalmente, de acordo com as características dos ambientes aquáticos e de suas planícies costeiras. Este projeto tem como objetivo estudar a diversidade, competição e distribuição espacial de comunidades vegetais aquáticas em ecossistemas aquáticos costeiros do Estado de São Paulo, através de estudos em campo e de experimentos. Busca-se a ampliação do conhecimento sobre a ecologia das zonas costeiras, a fim de contribuir para o monitoramento de sua biodiversidade, conservação e recuperação frente aos impactos ambientais atuais e futuros.

1.8 ECOLOGIA DE POPULAÇÕES E COMUNIDADES DE PEIXES EM ECOSSISTEMAS COSTEIROS NO LITORAL DE SÃO PAULO
Descrição: Ambientes aquáticos costeiros (praias, estuários, rios e riachos) representam importantes áreas de alimentação, crescimento e reprodução para diferentes espécies de peixes e crustáceos, muitos com forte interesse comercial e/ou esportivo. Estas regiões formam um gradiente de condições ambientais como salinidade, temperatura e dinâmica hidrológica, o que contribui para a manutenção de elevada biodiversidade. No estado de São Paulo, estes ambientes estão sujeitos a graus variáveis de perturbação, relacionados à expansão urbana, agrícola e industrial. Este projeto busca compreender como as populações e comunidades de peixes estão estruturadas no espaço, relacionando a morfologia, ecologia trófica e traços de história de vida aos tipos de hábitat e graus de perturbação antrópica, visando gerar subsídios para a conservação da biodiversidade e uso sustentável dos ecossistemas aquáticos costeiros.

1.9 ESTUDO DA DIVERSIDADE E ABUNDÂNCIA E SAZONALIDADE DA CARCINOFAUNA DO ESTUÁRIO DE SANTOS – SP
Descrição: Caracterização das populações de braquiúros do sublitoral e litoral (manguezal) do Estuário de Santos através do levantamento em quatro áreas, utilizando um desenho amostral aleatório e técnicas de coleta não destrutivas, consorciado a estudo das características abióticas das áreas.

1.10 ESTUDO DA DIVERSIDADE E ABUNDÂNCIA E SAZONALIDADE DA ÍCTIOFAUNA DO ESTUÁRIO DE SANTOS – SP
Descrição: O porto de Santos é um importante berçário de espécies comerciais e está diretamente relacionado com o complexo estuarino do litoral santista com espécies representativas da ictiofauna paulista. O estudo tem por objetivo monitorar a variação da diversidade, abundância e sazonalidade das espécies de peixes e seus respectivos tamanhos na parte salobra e marinha do canal do porto, através de coletas mensais com arrasto de portas operado por embarcação camaroeira. Estão sendo feitas amostragens em oito estações de coleta, quatro dentro do estuário e quatro na saída para o mar na baia de Santos. O objetivo é definir as mudanças de ictiofauna ao longo do ano e em relação à salinidade e temperatura medidas na superfície e no fundo da água em cada estação. Com isso, pretende-se obter o levantamento dos peixes estuarinos como documento atualizado de comparação para dados pretéritos e como lista base para futuros estudos de impacto ambiental, já visando futuras instalações de indústrias petrolíferas na região.

1.11 GENÉTICA DA CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE E DOS RECURSOS PESQUEIROS MARINHOS
Descrição: Desde o Século XX, as ações antrópicas ocasionaram diversos impactos ambientais e consequentemente na perda da Biodiversidade. Nos ambientes costeiros e marinhos, a atividade pesqueira insustentável e a degradação de hábitats impactaram negativamente diversas espécies aumentando significativamente seu risco de extinção. A aplicação de métodos genético-moleculares tem se mostrado uma eficiente ferramenta na geração de dados biológicos robustos e confiáveis e cada vez mais utilizados na compreensão dos impactos antrópicos nas populações de diferentes espécies e dos recursos naturais. Deste modo, este projeto visa através de uma abordagem da Genética da Conservação aplicando metodologias do estado-da-arte em genética e genômica, compreender os aspectos biológicos destas espécies e monitorar os impactos na biodiversidade marinha ocasionados pela perda da diversidade genética, fragmentação de hábitats e mudanças ambientais. Os resultados provenientes destas avaliações visam tornar os planos de conservação e manejo mais eficientes, fomentar atividades comerciais mais sustentáveis e auxiliar a tomada de decisões baseadas em resultados científicos tornando mais eficiente a alocação de recursos e os esforços de conservação.

1.12 GESTÃO DE RESIDUOS SÓLIDOS E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE
Descrição: Atualmente, em termos globais, o crescimento populacional e o consumismo desenfreado são notórios, e têm deixado às autoridades e cientistas vinculados aos problemas populacionais, numa ligação direta com a produção de alimentos e infraestrutura para esta população que cresce continuamente e os descartes relacionados. Em decorrência da globalização, a competição mais acirrada tem conduzido às organizações a buscarem melhores práticas para se perpetuarem no mercado e tornarem os seus produtos mais competitivos; e a população, questiona seus próprios padrões de consumo e descarte. Neste contexto, as discussões acerca da problemática ambiental tornam-se comumente presentes em todos os seguimentos sociais e não diferentemente nos setores empresariais. Diante da crise atual dos recursos naturais e da busca de melhoria da qualidade ambiental, fazem-se necessários instrumentos que possibilitem ações de sustentabilidade aplicadas à gestão. Portanto, as pesquisas inseridas neste projeto, têm por principal objetivo produzir, ampliar e divulgar esse conhecimento empoderando todas as camadas sociais dessas informações, visando desenvolver a consciência ecológica, e reverter e/ou minimizar o processo de degradação progressiva em muitas regiões do Brasil.

1.13 O ESTUDO DAS COMUNIDADES INCRUSTANTES COMO FERRAMENTA PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA, DETECÇÃO DE ORGANISMOS INVASORES E IDENTIFICAÇÃO DE BIOINDICADORES
Descrição: Acompanhamento do recrutamento e desenvolvimento do fouling em placas cerâmicas instaladas em pontos estratégicos do estuário, paralelamente à determinação de fatores abióticos e bióticos na água, entre os quais a colimetria, concentração de nutrientes, salinidade, concentração de clorofila, POM e DOM, integrando esses resultados com informações de estudos ecotoxicológicos. Objetivo de reconhecer organismos invasores, potenciais bioindicadores e estabelecer parâmetros para estimar a qualidade da água a partir dessas comunidades, gerando subsídios para Sistemas de Suporte à Decisão.